Desde muito cedo o Cariri cearense conheceu os seus primeiros registros cinematográficos. Em 2019 nossa atividade prioritária desenvolvida foi o mapeamento de filmes realizados na região do Cariri. A pesquisa contou com um levantamento de referencial teórico sobre o assunto. A segunda parte foi identificar os filmes produzidos na região. A principal base de dados utilizada foi da “Cinemateca Brasileira”, que disponibiliza inúmeras informações de filmes nacionais. Outros sites que possuem dados cadastrados que foram consultados foi o “Cinema Cearense”, “Documentário Brasileiro” e o “Porta Curtas”.
O mapeamento realizado apresentou algumas características importantes, pontuando linhas de força predominantes da produção caririense. Dentro de um universo de 150 filmes catalogados, tivemos um predomínio bastante considerável de obras realizadas na última década, sendo esta responsável por 60% da produção total, e uma recorrência considerável do formato documental, correspondendo aproximadamente 65% das obras desenvolvidas.
Serão apresentados a seguir, algumas produções que se destacaram no audiovisual caririense.
Década de 60
1969 / 1970 / 36min / PB/Colorido.
Dirigido por: Geraldo Sarno.
Os confrontos e conflitos entre a cidade dos romeiros do Padre Cícero e as tentativas de desenvolvimento da região.
1970 / 20min / Colorido.
Dirigido por: Eduardo Escorel.
Um retrato dessa cidade do Ceará onde anualmente milhares de romeiros chegam para homenagear o Padre Cícero e pagar promessas.
Década de 70
1972 / 9 min / PB/Colorido.
Dirigido por: Paulo Gil Soares, Sergio Muniz e Geraldo Sarno.
Em 1925, a inauguração da estátua de Padre Cícero, com a presença do mitológico personagem. Manifestações contemporâneas da fé popular no mesmo local, com fiéis em romaria, ex-votos. A personalidade de Padre Cícero como administrador, líder político e religioso da cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará. “O famoso ‘padim’ de milhares de fiéis, devotos e adeptos das suas atividades místicas e políticas, com cenas autênticas da época, numa rememoração do que foi o seu prestígio em todas as camadas sociais.”
1979 / Documentário.
Dirigido por: Jefferson Albuquerque Jr.
No Vale do Cariri, região mística e fértil do Sul do Ceará, mora Dona Ciça, uma artista popular, ceramista, com uma grande peculiaridade: não leva ao forno a sua cerâmica. Na sua arte representa todos os folguedos populares da região, os tipos característicos e as principais atividades da população.
Década de 80 e 90
1986 / Documentário.
Dirigido por: Rosemberg Cariry.
Depoimentos e imagens inéditos sobre os trágicos episódios que culminaram com a destruição da comunidade liderada pelo beato José Lourenço. Marca o encontro do povo cearense com a sua memória, durante tantas décadas amordaçada. Os artistas populares, os romeiros, os camponeses sem-terra narram a história. Quem fala do “Caldeirão” é o boi de fitas armado por Pedro Boca Rica, é a poesia de Patativa do Assaré, são os brincantes do Boi Lua Branca, do Guerreiro de Dona Margarida; é a banda de pífaros dos Irmãos Anicetos, são os ex-votos de imburana e a romeirada inumerável do Padrinho Cícero. São os bonecos de Maria das Dores Bernardo, filha de Ciça do Barro Cru. Em barro, ela modelou mais de 500 bonecos e cenas coletivas, refazendo toda a epopéia do Caldeirão.
1994 / Documentário.
Dirigido por: Eduardo Coutinho.
Em 1994, comemorou-se os 150 anos do nascimento do Padre Cícero Romão Batista, o Patriarca de Juazeiro do Norte, Ceará. O documentário acompanha um caminhão de romeiros em sua peregrinação. Depoimentos de ex-romeiros e seus descendentes traçam o perfil histórico e lendário do Padre Cícero.
Compatibilidade com o leitor de tela ativada.
Anos 2000
2006 / Documentário.
Dirigido por: Mariana Porto.
Um documentário que é pura afetação sonora, imagética diante do cortejo de corpos que entregam-se anualmente ao ritual de carregamento do Pau de Santo Antônio, tronco de duas toneladas, em Barbalha, sertão do Ceará. Corpos Sagrados são corpos extasiados, tomados por embriaguez tal que leva-nos a atravessar as molduras rígidas do documentário para emergir com o espaço sensível em que podem ser vistos.
2007 / Documentário.
Dirigido por: Rosemberg Cariry.
Dono de um ritmo poético de musicalidade única, mestre maior da arte da versificação e com um vocabulário que vai do dialeto da língua nordestina aos clássicos da língua portuguesa, Patativa do Assaré consegue, com arte e beleza, unir a denúncia social com o lirismo.
Década 10 dos Anos 2000
2014 / Documentário.
Dirigido por: Glauco Vieira.
Um escritor percorre a cidade, e nela se perde em busca de histórias.
2017 / Documentário.
Dirigido por: Reginaldo Farias e Ythallo Rodrigues.
Candeias é torrente de luz, um imenso rio iluminado de fé, por sertanejos simples, a desaguar num mar de promessas realizadas e anseios pelo porvir. É o instante em que se entoa forte cada bendito e oração. É estar em Juazeiro do Norte, terra santa inventada por Padre Cícero, e na qual no caminho, de idas e vindas, nunca ninguém se perdeu.